No Brasil, a Lei Áurea, é o símbolo máximo da libertação dos escravos, e ela veio, fruto de uma pressão interna muito forte. No Brasil, muitos abolicionistas tinham grande representatividade na sociedade colonial e o próprio exército imperial vacilava ao fazer o papel de capitão do mato, ao executarem as ordens dos Senhores de Engenhos, que eram os grandes escravistas, os donos de engenhos e os donos das grandes fazendas, onde se plantava a cana para a fabricação do açúcar, grande riqueza do Período Colonial.
Para a libertação dos escravos, além da pressão interna e externa, a mão de obra mais qualificada, barata e abundante, proporcionada pela vinda da Europa, de levas de imigrantes que passaram a ocupar lugar de destaque nas lavouras e nos canaviais nordestinos, onde os escravos trabalhavam duro sob a lei do chicote e sem receber salários que só eram pagos aos novos trabalhadores europeus mais afeitos ao trabalho, diga-se a bem da verdade, não que isto justifique o barbárie da escravidão e até mesmo oracismo.
A situação dos escravos no Brasil começou a mudar justamente na época das migrações dos europeus que proporcionou farta mão de obra e, em contra partida, manter a escravidão já era uma tarefa muito difícil, principalmente a partir da formação dos quilombos, pois não esqueça que era lá que os escravos se refugiavam fugindo do castigo e dali partia para a invasão de fazendas com o intuito de libertar seus irmãos, envolvendo-se em lutas sangrentas e quase sempre ajudados por fervorosos defensores da libertação dos escravos e é claro com uma ajudinha de Deus.
Na Constituição outorgada de l824, apareceram os primeiros sinais para a abolição da escravatura. Falava-se em ¨homens livres¨, embora defendessem como legitima, a propriedade sobre os não livres, o que é uma forma violenta de racismo, pois só os negros eram escravizados. O Brasil foi o último país do Ocidente a conceder a libertação dos escravos. Algumas leis que antecederam a Lei Áurea, como a que proibiu o tráfego de escravos, embora nunca fosse cumprida, fortificou o movimento abolicionista que acabou levando a outras leis como a Lei do Ventre Livre que determinava a liberdade a todo filho de escravo, a partir daquela lei.
A Lei dos Sexagenários que também dava um basta ao sim senhor humilhante a que eram submetidos os escravos. Todas essas leis e a pressão política dos abolicionistas levaram ao fim da escravidão, através da Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel, no dia l3 de maio de l888, redigida pelo então Ministro dos Negócios da Agricultura, Rodrigo Augusto da Silva, que não previa nenhum tipo de indenização aos fazendeiros pela perda dos escravos, apenas declarava extinta a escravidão. Durante o processo de discussão da Lei Áurea, a sociedade estava dividida em três grupos. Os que eram totalmente contra, os que eram totalmente favoráveis e os que defendiam uma lei gradativa. Dizem que a sabedoria vem com a idade e deve ser por isto que Ruy Barbosa, então Ministro da Fazenda, teve uma atitude interessante, mandou queimar todos os registros de escravos existentes para evitar uma futura solicitação de indenização por parte dos fazendeiros que perderam o direto sobre eles.